A intimidade como espetáculo

             



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA

A intimidade como espetáculo

No século XVII não havia lugares privados dentro de uma casa. Foi necessário esperar mais um século para que estes lugares fossem convencionados. Com este advento, o lar se tornou um lugar mais aconchegante, adequado para hospedar o mundo íntimo de seus habitantes.

Todavia, a partir do século XIX, com a cisão do público-privado, a separação entre o espaço-tempo do exercício profissional e da vida cotidiana, a noção de lugar de intimidade começou a entrar em crise.

Dando um salto no tempo vivenciamos um momento emergente, diferente e assustador que foi a chegada da Covid 19. Além de criar pânico, pois ceifou muitas vidas, o vírus fez com que a vida em família adentrasse em uma mutação sem precedentes.

O trabalho era realizado em casa, juntamente com a vida escolar. A casa tornou-se múltipla, perdendo ainda mais seu status de intimidade, lugar de refúgio.

Como o celular se transformou em uma ferramenta de extrema importância tanto para trabalho como para estudos, um outro espaço de vida adentrou em nossa existência de uma forma extremamente invasiva. Não que já não estivéssemos navegando na internet e bisbilhotando vidas, lugares, contextos, situações; mas o isolamento potencializou esta prática, fazendo com que nossa intimidade que já estava em declínio, se tornasse ainda mais escancarada.

Acontece que nós, sujeitos modernos, também ditos contemporâneos, publicamos nossos vídeos, fotos, informações sem dimensionar que nossa privacidade está sendo exposta para todo o planeta.

Antigamente era ter para ser, hoje é ter para aparecer. O problema contido nesta máxima é que não existe mais espaço para o encontro conosco. Tudo tem que ser compartilhado, até o resultado final de uma relação sexual.

Parece absurdo, não é? Mas a prática de postar fotos depois do coito começou em 2014 e ainda continua. O que parecia algo de mal gosto no limiar do século XX – o falar de si – tornou-se algo imperativo, indispensável.

Para se ter uma ideia, Kéfera Buchmann, presenciou seu livro Muito mais que 5inco minutos, ganhando o título de best-seller, em 2015. A autora, uma youtuber de 22 anos, vendeu na ocasião 125 mil exemplares. E qual era o teor de seus escritos: problemas com bullying, seu primeiro beijo e problemas com a matemática. Ou seja, o que realmente chamou atenção do público leitor foi sua vida sendo relatada nas páginas de seu livro. Este não é a questão maior, pois biografias e autobiografias são escritas e vendidas a todo tempo por muitos anos, mas o que preocupa, neste instante, é a vida sendo vista como uma mercadoria.

Não é uma crítica, sei lá, talvez seja, mas não parece que este tipo de exposição, que está enriquecendo a muitos, não tem feito com que esqueçamos o que realmente é importante? Será que não estamos mais aparecendo do que vivendo?

Um fortíssimo abraço para você. Até a próxima!

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